Porque e por que, como sempre
[Pergunta] Numa das cartas ao director, no jornal O Público
de 30 de Janeiro, um leitor, num texto intitulado "Péssimo português",
insurge-se contra a forma como aparece escrito o título “Porque errou o
patriarca” e, logo a seguir, contra um artigo, escrito por «um professor
que não quer ser avaliado» (percebendo ele bem a razão por que não
quer), "Porque não entregarei os objectivos individuais”.
O jornalista apressou-se a dar «toda a razão» ao leitor, pedindo «desculpas pelo erro». O professor ainda não respondeu.O que é certo é que, no dia 1 de Fevereiro, talvez sob a influência dos ensinamentos do referido leitor (mesmo entendendo que os exemplos não são perfeitamente equivalentes), no mesmo jornal e na revista Pública, surgem estes dois títulos: “Por que é que ainda não temos televisão a cores” (pág. 38 do jornal) e “Por que é que juntar uma maçã a um conjunto de frutos ainda verdes acelera o seu amadurecimento?” (pág. 47 da revista)
Voltei a consultar o Ciberdúvidas, algumas gramáticas e alguns prontuários e considero que o senhor em questão não tem razão em ser tão peremptório. Queiram esclarecer-me, mais uma vez, por favor.
Agradecendo, desde já, a vossa disponibilidade, subscrevo-me atenciosamente,
Cristina Pessoa :: Professora :: Setúbal, Portugal
[Resposta] Porque
é advérbio interrogativo (= «por que motivo») e conjunção causal (=
«visto que»); em português antigo é também conjunção final (= «para
que»). Por que é equivalente a por + que relativo («este é o motivo por que...» = «este é o motivo pelo qual...») ou a por + que interrogativo (isto é, «por que motivo...?»). A variante brasileira de porque interrogativo é por que, resultante de haver em geral noção distintiva dos dois elementos.
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