Saturday, 11 January 2014

A vírgula em «quer... quer...»

Ainda a vírgula em «quer... quer...»

[Pergunta] Gostaria que me esclarecessem uma dúvida.

Coloca-se ou não vírgula em «quer... quer»?

No vosso site, tanto dizem que sim como não:

«2) E... e, nem... nem, quer... quer, ou... ou são conjunções coordenativas que coordenando separam os elementos da frase. Não necessitam, pois, de mais um elemento de separação: a vírgula», T. A., 22/06/1998.

«A conjunção quer deve ser precedida de vírgula, quando liga orações: "Tens de trabalhar muito, quer vás para a Faculdade de Letras, quer (vás) para a Faculdade de Ciências"», José Neves Henriques, 19/03/2003 (tenho noção que nesta resposta estavam a referir-se à vírgula que precede a expressão, mas no exemplo colocam também vírgula entre "quer... quer...").

«Este uso é confirmado por Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (1997, pág. 576), que inclui ora nas conjunções alternativas, às quais também pertence quer («quer..., quer...»)», Carlos Rocha, 26/07/2007.
Muito obrigada.

Sofia Fonseca :: Professora :: Lisboa, Portugal

[Resposta] A locução conjuntiva alternativa ou disjuntiva quer... quer... pode ligar orações ou elementos da mesma oração. Se liga orações, usa-se com vírgulas, colocadas antes das duas ocorrências de quer:

(1) «De qualquer jeito, quer viaje de carro, quer [viaje] de avião, ele vai» (Dicionário Houaiss)1

(2) «Quer chovesse, quer fizesse sol, tinha de sair.» (dicionário da Academia das Ciências de Lisboa)

Se liga elementos da mesma oração, é facultativo o emprego de vírgulas antes de qualquer uma das duas ocorrências de quer:

(3) «Chora quer de dor, quer de saudade» (Dicionário Houaiss)
(4) «O artigo abordava assuntos quer políticos quer sociais.» (dicionário da Academia das Ciências de Lisboa)
(5) «O problema para a Polícia é a presença externa, quer de grupos oriundos de várias cidades espanholas, quer de grupos oriundos do estrangeiro» (João Andrade Peres e Telmo Móia, Áreas Críticas da Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, 2003, pág. 443).

1 A frase foi retirada do Dicionário Houaiss, que a dá como exemplo de conjunção alternativa que «liga orações do mesmo nível sintático, mantendo entre elas uma relação de alternância». Acrescentei entre parênteses rectos a forma verbal viaje, que não ocorre na segunda por elipse.

Carlos Rocha :: 10/02/2009

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