Wednesday, 8 December 2010

Fernando Pessoa

Às vezes entre a tormenta, quando já umedeceu, raia uma nesga de céu, com que a alma se alimenta. Fernando Pessoa - Cancioneiro

Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem
(Se ela estivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?

Fernando Pessoa - Cancioneiro


Se fala na Ana não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a ama, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro - (com a leve modificação de uma palavra)
 

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