GOVERNO RESTRINGE BENEFÍCIOS SOCIAIS
ABONO SALARIAL
Como é:
- Basta trabalhar um mês durante o ano e receber até dois salários mínimos
- O valor é um salário mínimo para todos
Como fica:
- Haverá carência de seis meses de trabalho ininterruptos
- O pagamento passa a ser proporcional ao tempo trabalhado
SEGURO DESEMPREGO
Como é:
- Carência de seis meses de trabalho
Como fica:
- Carência de 18 meses na 1ª solicitação; 12 meses na 2ª e 6 meses a partir da 3ª
PENSÃO POR MORTE
Como é:
- Não há prazo mínimo de casamento
Como fica:
- Falecido deve ter 24 meses de contribuição previdenciária.
- Será exigido tempo mínimo de casamento ou união estável de 24 meses.
- Valor do benefício varia de acordo com o número de dependentes
- Prazo de pagamento varia de acordo com a idade
AUXÍLIO DOENÇA
Como é:
- Benefício é de 91% do salário do segurado, limitado ao teto do INSS
- Empresas arcam com o custo de 15 dias de salário antes do INSS
Como fica:
- O teto será a média das últimas 12 contribuições
- Empresas arcam com o custo de 30 dias de salário antes do INSS
SEGURO-DESEMPREGO PARA PESCADOR ARTESANAL
Como é:
- Benefício não tem as restrições abaixo
Como fica:
- É necessário exercer a atividade de forma exclusiva
- Não é possível mais acumular outros benefícios
- É preciso ter registro de pescador há três anos ou mais
- Deve comprovar que comercializa a produção de peixes
DESTAQUE
R$ 18 bilhões (0,3% do PIB) é a economia prevista por ano com os cortes
O valor equivale a 25% da meta de superavit primário de 2015
O governo federal anunciou regras mais rígidas que devem reduzir o
pagamento de benefícios como pensão por morte, auxílio-doença, abono
salarial, seguro-desemprego e seguro defeso.
Essas mudanças só afetam futuros beneficiários, tanto do setor público como do INSS. Não atingem quem já recebe esses recursos.
A maior parte das alterações será feita por meio de duas medidas
provisórias que terão de ser aprovadas pelo Congresso Nacional. O
objetivo é economizar R$ 18 bilhões por ano, o que equivale a 0,3% do
PIB (Produto Interno Bruto) para o ano que vem.
Essas medidas, sozinhas, podem garantir 25% do superavit das contas
públicas prometido pelo futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para
2015.
PENSÃO POR MORTE
Na pensão por morte, haverá carência de 24 meses de contribuição
previdenciária pelo segurado para que o cônjuge possa herdar o
benefício. Também será exigido tempo mínimo de casamento ou união
estável de 24 meses.
Nos dois casos, haverá exceção para morte ou doenças ligadas ao trabalho.
Também haverá nova regra de cálculo do benefício: de 100% do salário
benefício hoje para 50%, mais 10% por dependente até o limite de 100%,
com exceção para órfãos de pai e mãe.
Perderá o benefício quem for condenado por matar o segurado (crime
doloso). O objetivo é evitar que se pratique o crime para herdar a
pensão.
Também acaba o benefício vitalício para cônjuges jovens. Será vitalício
apenas para quem tem até 35 anos de expectativa de vida (hoje, pessoas
com 44 anos ou mais).
A partir desse limite depende da idade. Entre 39 a 43 anos de idade, o
tempo de pagamento, por exemplo, cai para 15 anos de pensão. Pessoas com
21 anos ou menos, vão receber por apenas três anos esse benefício.
SEGURO-DESEMPREGO E ABONO
No seguro-desemprego, o período de carência passa de seis meses para 18
meses na 1ª solicitação e para 12 meses na 2ª solicitação. Fica mantido
em seis meses na 3ª solicitação.
Para o abono salarial, que é pago ao trabalhador que recebeu até dois
salários mínimos, haverá carência de seis meses de trabalho
ininterruptos. Hoje, basta trabalhar um mês no ano.
O pagamento passa a ser proporcional ao tempo trabalhado no ano, como
acontece com o 13º. Hoje, todos recebem um salário mínimo integral.
Haverá também um ajuste no calendário de pagamento, a ser detalhado posteriormente.
No auxílio-doença, haverá um teto equivalente à média das últimas 12
contribuições. O governo também estabeleceu convênios para empresas que
tem serviços médicos sob supervisão do INSS possam fazer a perícia.
SEGURO DO PESCADOR
No seguro-desemprego para pescador artesanal (seguro defeso), o
benefício será de um salário mínimo para pescadores que exercem essa
atividade de forma exclusiva.
O pescador também terá de escolher qual benefício prefere receber, sem poder acumular, por exemplo, um seguro saúde e o defeso.
Haverá carência de três anos a partir do registro como pescador para
começar a receber o dinheiro. Ele também terá de comprovar que
comercializou a produção de peixe.
Não poderá também haver acúmulo de defesos por quem pescar em mais de um região ou mais de uma espécie de peixe.
A fiscalização das regras ficará a cargo do INSS.
O governo também anunciou que irá publicar na internet todas as
informações referentes ao pagamento dos benefícios, como os nomes de
quem recebe os recursos, assim como já acontece com o programa Bolsa
Família.
DISTORÇÕES
Segundo o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), as medidas irão
corrigir algumas distorções que existem nos programas atualmente e, por
isso, não vão de encontro a promessas feitas pela presidente Dilma
Rousseff durante a campanha eleitoral. Na época, ela disse que não
mexeria em direitos trabalhistas "nem que a vaca tussa".
"Os direitos estão sendo mantidos. Estamos dando isonomia [aos
trabalhadores] e alguns programas precisam de correção. [...] Nas
conversas com centrais [sindicais], eles não só concordam, como sabem
que existem distorções nas regras de acesso. A grande distorção é para
quem está entrando no mercado de trabalho. Se não fizermos essas
alterações, as futuras gerações pagarão um preço muito alto. Precisamos
olhar [para o futuro] de forma sustentável", afirmou o ministro durante o
anúncio das medidas.
Segundo o petista, as medidas serão discutidas com o Congresso na
próxima legislatura e o governo manterá uma mesa permanente de
negociação com os trabalhadores e as centrais sindicais durante a
tramitação das medidas.
CONTEXTO
O governo federal gasta próximo de 1% do PIB para cobrir um rombo anual que supera os R$ 50 bilhões nas contas previdenciárias.
Estudo da Previdência aponta que, hoje, há entre seis e sete pessoas em
idade ativa (dos 16 aos 59 anos) para cada pessoa com mais de 60 anos.
Em 2050, espera-se menos de 2 para cada idoso. Como no Brasil os
trabalhadores da ativa sustentam os gastos com aposentados, isso deve
ser considerado. Mas a idade mínima enfrenta a oposição das centrais.
O endurecimento nas regras dos benefícios vem no contexto da mudança da
equipe econômica do governo, que já sinalizou que pretende enxugar
gastos.