As palavras dos céticos são vistas por Sexto Empírico como tão
(in)válidas quanto às demais. SE aplica tudo o que ele fala ao que ele fala,
declarando, mais de uma vez, que aquilo que diz não deve ser assentido, pois
também está sujeito à suspensão do juízo. Esta própria suspensão, eu diria, está sujeita
às críticas dos céticos. Para SE, devemos ver o discurso cético como:
1) um remédio purgativo que não apenas expele os cambia ou líquidos
orgânicos poluídos, mas é, com eles, expurgado. (HP I, 206)
2) uma escada. Não é impossível, diz SE, que um homem, após tê-la usado (a
escada), para subir até um local alto, descarte-a com o pé, de forma que também
não é difícil que o cético, tendo usado o argumento que mostra que não há prova
que funcione como andaime ou tablado, de modo a colocar sua tese em local
destacado e acima do resto, possa depois destruir esse próprio argumento (M
8.481).[1]
3) um pronunciamento auto-aplicável, é dizer, seu conteúdo se aplica a si mesmo
(HP I, 206; HP I, 14).
[1] O exemplo, que nos foi legado por
Sexto Empírico, é mais conhecido em virtude do uso que dele fez Wittgenstein no século XX:
“6.54 Meine
Sätze erläutern dadurch, dass sie der, welcher mich versteht, am Ende als unsinnig erkennt,
wenn er durch sie – auf ihnen – über sie hinausgestiegen ist. (Er muss
sozusagen die Leiter wegwerfen, nachdem er auf ihr hinaufgestiegen ist.)
Er muss
diese Sätze überwinden, dann sieht er die Welt richtig.
7 Wovon man
nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen.” Tractatus Logico-Philosophicus,
Ludwig Wittgenstein.
As the New Wittgenstein debate testifies, the penultimate remark of the
Tractatus (6.54) remains one of the work’s most discussed propositions.
Although the Tractatus lacks a reference concerning its origin, the
ladder metaphor employed in 6.54 has been widely used in the
philosophical tradition. Chronologically close to Wittgenstein are Fritz
Mauthner – one of the few philosophers mentioned by name in the
Tractatus and one who actually uses the metaphor in a similar way in his
writings (see Weiler 1958, p. 80) – and Arthur Schopenhauer (see
Schopenhauer 1909, p. 256), by all accounts a major influence on
Wittgenstein’s early thought and a possible influence not only for
Wittgenstein’s, but for Mauthner’s use of the metaphor as well. Much
earlier, Sextus Empiricus uses it in an analogous way (see Sextus
Empiricus 2005, p. 183 (2:480-81)) while utilizations of a similar image
can be also found at various places in Nietzsche (see Nietzsche 2006,
p. 167-168 (§20); 1976, p. 472 (§42)), as well as in Hegel (see Hegel
1977, p. 14-15 (§26)).
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